domingo, 9 de dezembro de 2007

A vingança de Senna 1990




A maldição estava lançada e os fatos se repetiriam doze meses depois, quase nas mesma circunstâncias. Senna na pole, Prost em segundo, que parte melhor e vai liderar na primeira volta só que...
Só que desta vez um acidente beneficiava Senna.
Prost chegou a Suzuka nove pontos atrás de Senna. Suas chances de vitória eram limitadas mas quem o ouvisse falar pensava que o campeonato era um caso liquidado a seu favor.
Os organizadores do GP do Japão, seguindo velhas tradições, reservaram ao pole position o lado interno da pista. Como a primeira curva era para a direita, isso obrigava o piloto a cruzar a pista do lado interno para o externo para abordar a curva pela trajetória ideal, o que praticamente anulava a vantagem de partir na frente. Havia uma disposição recente das autoridades esportivas em permitir a mudança da posição do pole.


No final dos treinos, tão logo confirma a sua pole, Senna solicita a mudança de lado e os organizadores, em princípio, concordam. Mas, de uma cama de hospital em Paris, Balestre intervêm: as coisas deveriam continuar como estavam. Ponto para Prost, segundo colocado nos treinos.


Lado a lado no grid, Senna e Prost preparam-se para a largada enquanto o autódromo e o mundo inteiro prendem a respiração, num silêncio reverente. O que iria acontecer desta vez ?
Prost sai na frente, aproveitando-se de uma pequena perda de tração de Senna. O francês, a princípio, adota uma trajetória defensiva, levando o Ferrari para o meio da pista, de forma a impedir uma reação de Senna. Repentinamente, porém, muda de idéia, como se concluísse que qualquer tentativa de ultrapassagem do brasileiro tornara-se impossível, e vai para a esquerda, para abordar a longa e veloz curva a seguir da maneira mais favorável.



Foi um erro pequeno, desprezível em qualquer outro contexto, que só foi notado porque se tornou crucial para o desfecho da corrida, pois é o sinal que Senna esperava para se decidir a jogar a sorte da corrida e do campeonato.


Ele mantém a aceleração do McLaren no máximo e mergulha pelo lado direito de Prost, de forma a chegar primeiro ao ponto de tangência. Mas os dois ou três décimos de segundo cedidos na largada lhe fazem falta e ele está claramente atrás no momento em que chegam ao ponto de tangência. Senna teria de desacelerar. Não havia outra hipótese. Senna estava atrás e não ao lado de Prost, como em 89. Precisava frear - mas não freia e se choca com violência contra a traseira do Ferrari, produzindo uma breve labareda de fogo e uma chuva de faíscas. O aerofólio do carro de Prost se solta e voa pela pista. Os dois seguem reto pela vasta área de desaceleração.
Ao seu modo, Senna encontrou uma forma de reparar a incrível injustiça que sofreu no ano anterior. E assim ganha o seu segundo título.


Um comentário:

Felipe Maciel disse...

Maravilha!!!
Essa era F-1 dos anos 80, emocionante ao extremo, muito bom...